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REGIÃO LESTE

Terreno

A geografia da região leste do Vêneto é um mosaico de planícies, colinas e zonas costeiras. Grande parte do território é composta pela Pianura Padana, caracterizada prevalentemente por terrenos argilosos. Estes solos, com sua elevada capacidade de retenção de água, são particularmente propícios ao cultivo de certas castas, como a Merlot, que aqui encontra um ambiente para prosperar. O território é atravessado pelo rio Piave, cujas margens constituem um terroir de grande importância histórica e enológica. Este rio teve um papel crucial no desenvolvimento das populações que se estabeleceram nessa região. Nas suas águas, foram transportados os troncos das florestas ao Norte que constituíram os alicerces da cidade Veneza e foi teatro de várias batalhas, principalmente da Grande Guerra, sendo mencionado em vários textos e poemas. No extremo leste, na divisa com o Friuli, encontramos a área da denominação Lison-Pramaggiore. O Veneto oriental destacasse no cultivo de variedades autóctonas que proporcionam vinhos de grande identidade, bem como a Raboso, o Refosco e todas as variedades de Incrocio Manzoni, uvas hibriditizadas pelo enólogo Luigi Mnzoni no começo do século passado.

Microclima

O clima na parte oriental do Vêneto é distintamente influenciado pela sua geografia variada e pela proximidade com o Mar Adriático. Nas célebres colinas de Valdobbiadene, um microclima único se manifesta: as correntes de ar provenientes do mar, ricas em iodo, são canalizadas entre as elevações, um fator que se acredita contribuir para a notável salinidade e complexidade dos vinhos espumantes locais. Na planície oriental, a combinação do clima com os solos argilosos favorece a produção de vinhos tintos como o Merlot em um estilo jovem, com notas frutadas muito prazerosas e maciez. Esta diversidade climática permite que a região produza uma vasta gama de estilos, desde os espumantes mais etéreos e de alta acidez até tintos potentes e estruturados.

Cultura

A cultura vitivinícola do leste do Vêneto é uma das mais ricas e historicamente significativas da Itália, sendo o lar da primeira Escola de Enologia do país, fundada em Conegliano em 1876. Esta herança de conhecimento se reflete na excelência de seus vinhos e na precisão de suas denominações.

A área do rio Piave é o berço de vinhos de grande personalidade. O protagonista é o Raboso del Piave, uma uva cujo nome deriva de “rabbioso” (raivoso) por sua alta acidez e tanino exuberante. Sua versão de uvas passificadas, o Piave Malanotte DOCG, é um vinho de maior corpo e maciez. Nos brancos, destaca-se o Manzoni Bianco 6.0.13, um cruzamento autóctone que gera vinhos de notável qualidade e complexidade aromática. A região também preserva um patrimônio histórico: a Bellussera, um sistema de condução da vinha inventado no final de 1800 para combater a peronospora, hoje mantido por produtores pioneiros.

No extremo leste da região, cultivam-se uvas como Refosco e Cabernet Franc, que produzem vinhos intrigantes e de alta acidez. Outras denominações importantes incluem a Lison DOCG e a Venezia DOC.